10 abril, 2006

Tabaco e Estado Baby Sitter

TABACO E ESTADO BABY SITTER


Ponto prévio: não sou fumador, nem tenho qualquer interesse económico ou outro em actividades agrícolas, industriais ou comerciais relacionadas com o tabaco. Adenda: mesmo que me encontrasse nalguma das situações anteriores, tal não me coibiria de me pronunciar sobre os planos anti-tabágicos do Governo: quis apenas esclarecer que não me move nenhum interesse pessoal ligado especificamente ao tabaco.

O que me incomoda crescentemente, é o Estado tratar os cidadãos como uns inimputáveis a quem é necessário proteger, aconselhar, dirigir, condicionar, proibir, obrigar, castigar, ou premiar.

O mais recente exemplo é particularmente gritante. Vejamos alguns dados adquiridos: o fumo prejudica os não-fumadores; a proibição de fumar ou de confinar o fumo em lugares fechados e públicos como hospitais, escolas, transportes, ou repartições públicas faz todo o sentido; o consumo de tabaco é legal (e sobre ele o Estado cobra impostos altíssimos); os estabelecimentos comerciais são espaços de acesso público, mas de propriedade privada, frequentados por quem o quer fazer.

Tratando-se de uma actividade lícita, de propriedade privada e de frequência voluntária, porque é que o Estado vai proibir o fumo em restaurantes ou cafés? Das duas uma, ou se vai penalizar mais uma actividade económica, ou não se vai impor o cumprimento da lei. Se houver uma significativa rejeição de cafés fumarentos, o mercado encarregar-se-á de criar espaços smoke-free, da mesma forma que surgem restaurantes italianos, japoneses e indianos, ou para quem não gosta de carne, ou só quer sopa, ou ainda para aqueles que querem comer desalmadamente sem ter de pagar o equivalente a 5 doses. Se tal não acontecer, é porque os cidadãos não estão preocupados com o fumo passivo, ou podem prescindir de uma ida ao café. Será isto assunto de estado? Obviamente que não.

Quando é que os Senhores Ministros e Secretários de Estado se dedicarão a tratar da boa governança da coisa pública e deixar espaço para os cidadãos respirarem e decidirem da sua vida? Até quando teremos de viver sujeitos ao exercício inclemente do politicamente correcto por parte dos políticos e dos media?

2 comentários:

Diogo Mendes Silva disse...

De facto, esta mania de Estado baby-sitter é lamentável. Todavia, num país em que não há respeito pelos não-fumadores (há um egoísmo) penso que é necessário recorrer a este tipo de acções. Mas não acho que seja uma prioridade.

Anónimo disse...

Era tão bom que cada um pudesse escolher o que quer. Até agora os não-fumadores (em Portugal) não têm tido escolha. É engolirem o fumo dos outros ou não irem a restaurantes. Quanto aos locais de trabalho a situação é mais séria.
Fala-se tanto em remédios para deixar de fumar (não se fala em "olha ! comecei a fumar! ai sim? que bom!)- isto quererá dizer alguma coisa. A mim até ao ar livre o fumo incomoda , mas luto contra isso com a minha maneira defensiva de respiração. Quem me dera de ter dinheiro para abrir um restaurante! Mostrava a todos os que têm estes estabelecimentos que estão altamente errados se proibirem fumar. Até lá só posso dar a minha ajuda nesta divulgação:
http://no-smokezone.planetaclix.pt